quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Zeca Forte

Nasceu no mesmo dia em que morreu,
seu pai de overdose não viveu,
nem um dia de sua infância que perdeu.
Foi sua mãe que o seu nome escolheu,
Zeca Forte não teve sorte quando nasceu.
Desde pequeno já sonhava em se formar,
desde os cinco foi obrigado a trabalhar.
Sonhava com uma vida com um lar.
Queria ser engenheiro, sua família ajudar.
A ilusão!
O que faltou nessa vida informação.
Matriculou-se numa escola que havia,
estudava e vendia doces que sua mãe fazia,
era motivo de resenha todo dia,
os outros alunos roubavam os doces e lhe batiam.
Ao chegar em casa não sabia o que fazer.
Dizia: mãe não trouxe o dinheiro pra gente poder comer.
Com muito esforço entrou no colégio com pé no chão
e trabalhava doze horas no lixão,
com muita luta o segundo grau completou,
descobriu que era preciso muito mais pra ser doutor,
mas não tinha mais tempo nem condição de estudar,
sua mãe não tinha emprego pra lhe ajudar.
Zeca Forte teve que sozinho trabalhar
para ele e sua mãe sustentar.
Decidiu prestar vestibular no fim do ano,
Disse a verdade a sua mãe, não queria engano:
"Mãe esse mês segure mais a fome,
gastei metade do salário pra inscrever meu nome".
A desilusão!
O que faltou nessa vida foi instrução.
As perguntas não falavam seu linguajar,
Zeca Forte foi reprovado no vestibular.
Ao voltar pra casa com sua mãe foi assaltado,
sua mãe tentando lhe proteger levou um balaço.
A solidão!
Zeca Forte só tinha tristeza no coração.
Zeca Forte escapou da morte mas perdeu,
seu sonho de infância não viveu.
Hoje é só mais cidadão com depressão,
trancado no seu quarto feito um ladrão.
Vive triste, Não existe, vida não há.
Uma pessoa que só sonhava em trabalhar
com a intenção de o seu próximo ajudar.
(Composição 2005)